A ESPADA QUE DÁ VIDA
Ocorreu há um
certo tempo um fato curioso, que me fez repensar um pouco um conceito básico do
Aikido. Tive uma discussão com um dos seguidores do meu blog e uma pessoa que
nada tinha a ver com a conversa enviou-me uma mensagem, bastante malcriada,
dizendo mais ou menos o seguinte: - Você que fala tanto em “encerrar
conflitos”, fica insistindo nesta discussão ...
Com isso
percebi que o conceito de “interromper um conflito”, é uma definição meio vaga
e de difícil definição em relação a seus limites.
Uma das
premissas do Aikido, formulada por seu fundador: Ô Sensei, é a de que no Aikido
não existe a ideia de vencer ou destruir o oponente, mas pura e tão somente
“interromper o conflito”. Mas quando se pode considerar que o conflito está definitivamente
interrompido?
No Dojo, ao
finalizar uma técnica, teoricamente o conflito está encerrado, de forma suave e
harmoniosa.
Mas e na vida
real? Se você for atacado por algum maluco que quer lhe agredir? Você aplica a
técnica que melhor se adequar à situação e imobiliza o agressor. E daí? Se você
soltá-lo ele vai investir novamente contra você, talvez até de forma mais
agressiva; você aplica nova técnica e o imobiliza; mas até quando?
Talvez,
então, neste caso “interromper o conflito” seja deixar o agressor em um estado
que ele não tenha mais condições de continuar atacando? Devemos fazer com que
ele perca a consciência? Quebrar alguma coisa? Quem pode responder?
A resposta a
isso veio a mim, bem representada em uma passagem de um livro que conta a
historia da vida de Yagyu Munenori, cujo nome é o título desta postagem.
Nas palavras
de Munenori: “A espada pode ser usada para matar, mas também pode ser utilizada
para preservar ou dar vida. Por meio da Espada que dá Vida, um espadachim
deveria ser capaz de subjugar um oponente sem mata-lo; ou poderia ter que matar
um oponente perverso, interrompendo um conflito, salvando a vida de inúmeros
outros que poderiam estar sendo ameaçados por ele”.
Munenori
viveu no século 16, hoje não usamos mais espadas, mas a lição deixada por ele
será sempre verdadeira: Interromper um conflito pode ser simplesmente
imobilizar um conhecido descontrolado, a fim de evitar que ele se machuque ou
machuque alguém; mas pode também envolver uma atitude muito mais drástica se estivermos
sendo atacados por um estuprador, ou por alguém que tenta matar-nos.