SORTE OU AZAR?
Muitos
reclamam da sorte, ou, mais frequentemente, da falta dela, culpando, muitas
vezes, o destino por sua condição.
Há uma
expressão árabe que diz “Maktub”, que significa “estava escrito”, no sentido de
que as coisas que nos acontecem estavam escritas em nosso destino. Será?
Eu diria que
tudo depende da perspectiva com que se olha cada situação; como em um conto da
China antiga.(1)
“Em
um vilarejo, havia um camponês que tinha um belíssimo e brioso cavalo; os
vizinhos o admiravam e diziam:
- Que sorte você tem de possuir tão belo
cavalo!
-
Não, sei, não sei... respondia o ajuizado camponês.
Um
dia, o cavalo fugiu e todos os vizinhos vieram consola-lo dizendo:
-
Lamentamos a má sorte que tenha fugido seu belo cavalo.
- Não
sei, não sei... repetia o camponês.
Aconteceu
que, no outro dia, o cavalo voltou acompanhado de uma tropa de belos cavalos
selvagens. Logo, todos os vizinhos
vieram para felicita-lo pela excelente sorte. Mas ele, imperturbável só
repetiu:
- Não
sei, não sei...
Um tempo
mais tarde, seu filho, domando um dos cavalos selvagens, caiu e quebrou a
perna. Os vizinhos correram para consolar o pai, comentando sua má sorte; este,
como de costume disse:
- Não
sei, não sei...
Pouco
tempo depois, teve inicio uma terrível guerra e todos os jovens foram
convocados a marchar para a frente de batalha, menos o filho acidentado. Todos
disseram:
-
Isso sim que é sorte. E o camponês respondeu:
- Não
sei, não sei...”
A história
mostra a atitude inabalada de um camponês, diante de fatos que ocorrem em sua
vida, sejam eles bons ou maus, que não dependem de sorte ou azar, como
acreditam os demais moradores da vila. Não se abalando com estes
acontecimentos, ele mantém sua estabilidade emocional, não se deixando abater
com os revezes, quase sempre passageiros, que o acometem de vez em quando.
Quem, por
outro lado, tem uma visão pessimista e acredita que cada acontecimento
desfavorável em sua vida é fruto do azar, tem também a tendência de se abalar emocionalmente
e ficar se lamentando do ocorrido, em vez de seguir em frente, superando o
infortúnio que o acometeu. Muitas vezes, ansiedade e depressão resultam desse
hábito.
Os conceitos
de “sorte” ou “azar” não passam de superstições ou crendices populares, perpetuadas
por pessoas que tem uma visão muito limitada da vida.
Assim da
próxima vez que lhe acontecer algo de ruim; bater o carro, por exemplo, não fique
se lamentando ou reclamando do azar; pode ser que do outro carro desça aquela
pessoa que será o grande amor de sua vida. Na pior das hipóteses, o seguro paga
o prejuízo. Mas que seria uma grande sorte, seria.
Referência:
1-
Do livro de Masafumi Sakanashi