quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

COMO NASCEM OS GUERREIROS?




COMO NASCEM OS GUERREIROS?


Antes de tentar responder a essa pergunta difícil, vale uma pergunta ainda mais difícil: O que é um guerreiro?

Teria que discorrer longamente, páginas e mais páginas, para tentar explicar, ainda que superficialmente o que vem a ser um guerreiro; e ainda assim, não conseguiria defini-lo em sua essência.

Mas, atendo-se ao mais básico dos conceitos, ser um guerreiro não significa praticar artes marciais, ter treinamento militar, ir ou não para a guerra. Ser um guerreiro depende mais da postura que se assume perante a vida; do modo como se enfrentam as adversidades, os perigos e, principalmente, a morte.

Ser um guerreiro é encarar a morte, olhar bem no fundo de seus olhos e desafiá-la; é negar-se a ser dominado pelo medo; é seguir em frente, quando todos recuam, seja nos conflitos diários que a vida nos apresenta, seja em uma batalha em uma guerra real.

Algumas pessoas já nascem guerreiras; são bebês que nascem muito prematuro e fraquinhos, ou com problemas graves de saúde, com poucas perspectivas de viver; mas que, mesmo contra todos os diagnósticos desfavoráveis, se agarram à vida e lutam por ela com uma força descomunal, indo contra todas previsões pessimistas, acabando por vencer a primeira batalha de suas vidas. Com certeza, crescerão como guerreiros.

No extremo oposto, há pessoas que nunca se tornarão guerreiras. Adotam uma atitude passiva, perante a vida e seus desafios, e nunca juntam coragem suficiente para enfrenta-los. As vezes passam anos praticando uma arte marcial, na esperança de, talvez com isso, conseguir enfrentar seus temores; mas não tem coragem de treinar, de forma séria, um método de defesa pessoal. Normalmente fogem ou simplesmente paralisam de medo diante da menor situação de perigo.

São casos extremos. Há sempre o caminho do meio. Porém, no mais das vezes é um caminho longo e extenuante, pois os verdadeiros guerreiros são forjados a sangue, suor e lágrimas.

Muitos foram os caminhos que levaram pessoas simples a se tornarem guerreiros; cito, com exemplo, um caso especial, de um menino que, cansado de apanhar dos colegas de escola, aos 14 anos entra em uma academia de Capoeira. Era medroso, mas resolveu enfrentar a situação, pois esta era insustentável e não podia mais conviver com a violência dos colegas maiores. A Capoeira, neste tempo, era bastante violenta e ao entrar na roda para jogar, as chances de se machucar eram grandes; como realmente ocorreu várias vezes com ele.

No início, entrar na roda para jogar era um martírio, um momento de grande tensão e medo; mas, com o tempo e com treinos fortes e pesados, começou a progredir nas técnicas e encarar aquilo sem receio, sabendo que entraria na roda e poderia até ser atingido por algum golpe, mas que acertaria vários e que já sabia se defender.

De tímido e medroso, tornou-se violento; já não tinha medo de ninguém. Embora não procurasse briga, não mais fugia de nenhuma, tendo, porém, machucado muita gente. Estava muito longe de ser um guerreiro, mas tinha vencido algo importantíssimo: o medo de morrer.


Muitos anos se passariam até que este menino, já velho, se cansasse dessa situação; sabia se defender bem, mas era muito agressivo. Mais um tempo se passaria até que este velhinho encontrasse o Aikido, que daria novo sentido à sua vida, diminuindo sua agressividade e apresentando um caminho para que ele viesse a se tornar, um dia, um verdadeiro guerreiro: o Guerreiro da Paz.