sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O GUERREIRO DA PAZ

Desde a mais remota antiguidade, a figura do guerreiro foi forjada nos campos de batalha a ferro, fogo e sangue. No mais das vezes, um soldado de um exército se sobressaia e acabava se tornando um guerreiro; noutras, porém, o camponês era obrigado a trocar sua enxada pela espada, para proteger seu clã ou povoado de bandidos ou salteadores, vindo a se tornar, após algum tempo, um hábil guerreiro, como no caso dos Samurais, no Japão medieval.
Não costumo usar a expressão “Grande Guerreiro”, pois como disse Mestre Yoda, no filme “O Retorno do Jedi” – de Guerra nas Estrela: “- Guerra não faz ninguém grande”.
Estes guerreiros, passaram a adquirir conhecimento e experiência, tornando-se grandes sábios e estrategistas, mestres na arte de resolver conflitos ou problemas. Muitos registraram seus conhecimentos e estratégias, como Sun Tsu, na China antiga, Miamoto Musashi, no Japão medieval, dentre outros, sendo que seus ensinamentos, conhecidos até a atualidade, servem de base para aqueles que enfrentam situações de conflito.
Hoje em dia, embora as guerras continuem, você não precisa estar participando de uma delas para viver situações de conflito. Uma discussão com um chefe, em uma reunião de trabalho, um desentendimento familiar; uma disputa de emprego, etc.; as possibilidades são muitas. O ritmo de vida moderno, nos induz ao conflito.
Estes conceitos desenvolvidos pelos grandes mestres, entretanto, se por um lado ajudavam a pessoa a se sair bem de uma situação de conflito, por outro, acabava criando novos conflitos, pois ensinava apenas como vencer em tais situações, não se importando se, com isto, fosse necessário derrotar ou aniquilar o oponente. Eles raramente levavam à solução do conflito estabelecendo uma situação de paz.
Na cultura oriental, o conceito de paz está associado ao equilíbrio entre forças em oposição. Na verdade, tais forças não são consideradas opostas, mas complementares, como se fossem os dois lados de uma mesma moeda. E assim a paz só pode ser mantida se mantido este equilíbrio, com as forças fluindo constantemente entre estes extremos.
Com base nesta linha de raciocínio, surge a figura do Guerreiro Pacífico; que consegue enfrentar e solucionar situações de conflito, sem, contudo, deixar de estabelecer ou manter a paz.
O termo BUDO é  composto pelo termo “BU”, que significa guerra ou arte marcial, e por “DO”, que significa “caminho”, no sentido de um modo de viver ou de se comportar, visando o aprimoramento pessoal e espiritual, na busca pelo SATORI, a iluminação.
Então BUDO seria a busca deste aprimoramento pessoal e espiritual através da prática de uma arte marcial.
Eu costumo chamar o praticante de artes marciais, que segue os conceitos do BUDO, de Guerreiros da Paz.
Assim é o Guerreiro da Paz: é imensamente poderoso, centrado, fisicamente saudável e, portanto, saudável psicológica e espiritualmente. Em sua essência, o Guerreiro Pacífico está constantemente fluindo no espaço que medeia entre a força e a fraqueza, a investida e o recuo.
O guerreiro agressivo, por outro lado, está constantemente pondo para fora uma energia que o enfraquece, pois drena o Ki essencial do corpo.
No instante seguinte, o bem estar moral e espiritual tem poucas oportunidades de crescer, pois há um fluxo mínimo ocorrendo entre as polaridades da existência.(1)
Nos tempos modernos, um dos maiores guerreiro da paz foi Morehei Ueshiba, criador e fundador do Aikido, arte marcial que, em sua essência, busca a harmonia, não só com nosso oponente, mas com todos os elementos da natureza, conseguindo um estado de equilíbrio e, conseqüentemente, a paz.
Estes conceitos estão à disposição de todos, não sendo necessário ser um praticante de artes marciais para desenvolvê-los; basta, a cada dia, treinar seu espírito...




REFERÊNCIAS:


1-      Phillip Dun

2 comentários:

  1. Gostei. o texto planta uma semente... Dá um cutucada e faz a gente refletir... Parabéns. Cecilia.

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  2. Parabéns, Fábio! Muito bacana o seu escrito...

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