O GUERREIRO DA PAZ
Desde a mais
remota antiguidade, a figura do guerreiro foi forjada nos campos de batalha a
ferro, fogo e sangue. No mais das vezes, um soldado de um exército se
sobressaia e acabava se tornando um guerreiro; noutras, porém, o camponês era
obrigado a trocar sua enxada pela espada, para proteger seu clã ou povoado de
bandidos ou salteadores, vindo a se tornar, após algum tempo, um hábil
guerreiro, como no caso dos Samurais, no Japão medieval.
Não costumo
usar a expressão “Grande Guerreiro”, pois como disse Mestre Yoda, no filme “O
Retorno do Jedi” – de Guerra nas Estrela: “- Guerra não faz ninguém grande”.
Estes
guerreiros, passaram a adquirir conhecimento e experiência, tornando-se grandes
sábios e estrategistas, mestres na arte de resolver conflitos ou problemas. Muitos
registraram seus conhecimentos e estratégias, como Sun Tsu, na China antiga,
Miamoto Musashi, no Japão medieval, dentre outros, sendo que seus ensinamentos,
conhecidos até a atualidade, servem de base para aqueles que enfrentam
situações de conflito.
Hoje em dia,
embora as guerras continuem, você não precisa estar participando de uma delas
para viver situações de conflito. Uma discussão com um chefe, em uma reunião de
trabalho, um desentendimento familiar; uma disputa de emprego, etc.; as
possibilidades são muitas. O ritmo de vida moderno, nos induz ao conflito.
Estes
conceitos desenvolvidos pelos grandes mestres, entretanto, se por um lado
ajudavam a pessoa a se sair bem de uma situação de conflito, por outro, acabava
criando novos conflitos, pois ensinava apenas como vencer em tais situações,
não se importando se, com isto, fosse necessário derrotar ou aniquilar o
oponente. Eles raramente levavam à solução do conflito estabelecendo uma
situação de paz.
Na cultura
oriental, o conceito de paz está associado ao equilíbrio entre forças em
oposição. Na verdade, tais forças não são consideradas opostas, mas
complementares, como se fossem os dois lados de uma mesma moeda. E assim a paz
só pode ser mantida se mantido este equilíbrio, com as forças fluindo
constantemente entre estes extremos.
Com base nesta
linha de raciocínio, surge a figura do Guerreiro Pacífico; que consegue
enfrentar e solucionar situações de conflito, sem, contudo, deixar de
estabelecer ou manter a paz.
O termo BUDO é composto pelo termo “BU”, que significa guerra ou arte marcial, e por “DO”, que significa “caminho”, no sentido de um modo de viver ou de se comportar, visando o aprimoramento pessoal e espiritual, na busca pelo SATORI, a iluminação.
Então BUDO seria a busca deste aprimoramento pessoal e espiritual através da prática de uma arte marcial.
Eu costumo chamar o praticante de artes marciais, que segue os conceitos do BUDO, de Guerreiros da Paz.
Assim é o
Guerreiro da Paz: é imensamente poderoso, centrado, fisicamente saudável e,
portanto, saudável psicológica e espiritualmente. Em sua essência, o Guerreiro
Pacífico está constantemente fluindo no espaço que medeia entre a força e a
fraqueza, a investida e o recuo.
O guerreiro
agressivo, por outro lado, está constantemente pondo para fora uma energia que
o enfraquece, pois drena o Ki essencial do corpo.
No instante
seguinte, o bem estar moral e espiritual tem poucas oportunidades de crescer,
pois há um fluxo mínimo ocorrendo entre as polaridades da existência.(1)
Nos tempos
modernos, um dos maiores guerreiro da paz foi Morehei Ueshiba, criador e
fundador do Aikido, arte marcial que, em sua essência, busca a harmonia, não só
com nosso oponente, mas com todos os elementos da natureza, conseguindo um
estado de equilíbrio e, conseqüentemente, a paz.
Estes
conceitos estão à disposição de todos, não sendo necessário ser um praticante
de artes marciais para desenvolvê-los; basta, a cada dia, treinar seu
espírito...
REFERÊNCIAS:
1-
Phillip Dun
Gostei. o texto planta uma semente... Dá um cutucada e faz a gente refletir... Parabéns. Cecilia.
ResponderExcluirParabéns, Fábio! Muito bacana o seu escrito...
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