AS MULHERES E O AIKIDO
Fico cada vez
mais assustado com o aumento do número de casos de violência contra mulheres.
Seja na esfera doméstica, onde maridos violentos espancam suas mulheres sem
nenhum motivo; seja em relacionamentos amorosos, onde namorados violentos não
aceitam o fim de um namoro e se sentem no direito de ameaçar, espancar e, as
vezes, matar suas namoradas que os rejeitaram. E não há Lei “Maria da Penha”
que dê jeito em tal situação. Sem falar na crescente onda de violência que
assola as grandes cidades, onde as mulheres são vistas, frequentemente, como um
alvo mais fácil.
Fico ainda
mais preocupado, por ser pai de uma menininha linda, que um dia vai crescer e
pode ficar sujeita a todo este tipo de violência.
Por outro
lado, fico espantado com o número reduzido de mulheres que praticam ou frequentam
academias de Aikido. O Aikido seria a mais perfeita Arte Marcial ou o melhor método de defesa pessoal para ser
praticado por elas, levando-se em conta suas características e filosofia.
Para entendermos
esta arte marcial, precisamos analisar a vida de seu fundador: Morihei
Ueshiba, também chamado Ô-Sensei
("grande mestre"); foi praticante de vários estilos de artes
marciais, tornando-se um exímio praticante em todas elas.
Contudo, em
todas elas havia o conceito de vencer, ou destruir o inimigo, pois todas elas
foram desenvolvidas, e transmitidas através de gerações, por antigos Samurais,
a partir de suas experiências nos campos de batalhas, onde o objetivo era a
vitória, com a aniquilação do inimigo.
Ô Sensei,
porém possuía um conceito muito forte a respeito da harmonia como princípio de
vida.
Consciente de
que não poderia haver harmonia na destruição, Ô-Sensei começou a desenvolver os
conceitos de sua própria Arte Marcial, onde não mais havia a ideia de vencer ou
destruir um inimigo, mas pura e tão somente a de encerrar um conflito.
No Aikido, não
há golpes de ataque, apenas de defesa . Não existe competição. Toda a
agressividade é reduzida a zero. O uso da força física é também, paulatinamente,
reduzido, sendo que o praticante usa a força de seu oponente para dominá-lo,
imobilizá-lo, e interromper um eventual conflito.
É uma
valorização de nosso lado fraco, onde a técnica permite que dominemos, com
facilidade, oponentes com força física muito superior à nossa.
O Aikido busca
valorizar e desenvolver a intuição, conceito que já é especialmente
desenvolvido nas mulheres, o que as concede uma vantagem adicional.
Com o tempo e
com um treinamento regular, as inseguranças, os temores de agressão, vão dando
lugar a um aumento do sentimento de autoconfiança, de segurança, de não mais
viver sob o domínio do medo causado pelo risco de ser agredida por pessoas mais
fortes, de má índole; covardes que se valem de sua vantagem física para tentar,
por meio da violência, subjugar e controlar as pessoas.
Seria
libertar-se de todos os medos e inseguranças, voltando a ser respeitada não só pelos
outros, mas principalmente por si mesma.
Assim, convido
a todas as mulheres a vir conhecer (e praticar) o Aikido; mesmo quem não viva
sob o risco iminente de ser agredida, pois saber se defender e defender os
outros pode ser útil em várias situações da vida cotidiana.
Convido especialmente
aquelas para as quais a violência já é uma realidade, porém uma realidade que
pode e deve ser mudada.
Violência
contra a mulher: nunca mais!