O DEBATE ZEN
Quem nunca
se envolveu em alguma confusão por causa de um mal entendido?
Acontece com
certa frequência e, no mais das vezes, termina em discussões ou
desentendimentos, até mesmo entre pessoas amigas. Mas por que isso acontece?
Creio que em
grande parte por nossa tendência de fazer um julgamento precipitado dos fatos; um
pré julgamento, ou um pré conceito que fazemos das pessoas, baseados em nossos
próprios defeitos ou limitações. A ideia é mais ou menos essa: Se não entendo
meus problemas, como entender ou aceita-los em outras pessoas? E isso nada mais
é do que uma deficiência em nosso autoconhecimento.
Novamente
uma deficiência em nossa capacidade de conhecer a nós mesmos; qualidades e
defeitos, capacidades e limites.
Quanta
confusão poderia ser evitada se parássemos para analisar a situação, antes de
tirar conclusões precipitadas; o que ele quis dizer com isso? Teve mesmo a
intensão de provocar ou ofender? O que eu teria feito nessa situação? São
atitudes simples, que poderiam mudar, no mais das vezes, o resultado de uma
situação.
Uma
historinha sobre dois monges zens, de autoria desconhecida, exemplifica bem a
situação.
“Existia um
mosteiro Zen, conduzido por dois irmãos. O mais velho era muito sábio, o mais
novo, ao contrário, era tolo e tinha apenas um olho. Para um forasteiro
conseguir hospedagem por uma noite nesse convento, tinha que vencer um dos
monges, num debate sobre o Zen-Budismo.
Uma noite, um forasteiro foi pedir asilo no convento e
como o velho monge estava cansado, mandou o mais novo confrontar-se com ele,
com a recomendação de que o debate fosse em silêncio. Desta forma, o monge tolo
não cometeria enganos.
Algum tempo depois, o viajante entrou na sala do sábio
e disse: “Que homem sábio é seu irmão! Conseguiu vencer-me no debate e, por
isso, devo ir-me”.
O velho monge, intrigado, perguntou :”O que
aconteceu?”
E escutou a resposta: ”Primeiramente, ergui um dedo,
simbolizando Buda e seu irmão levantou dois, simbolizando Buda e seus
ensinamentos. Então, ergui três dedos, para representar Buda, seus ensinamentos
e seus discípulos e meu inteligente interlocutor sacudiu o punho cerrado, à
minha frente, para indicar que todos os três vem de uma única realização”.
Pouco depois, entra o monge tolo, muito aborrecido e é
saudado pelo irmão, que lhe perguntou o motivo de sua chateação. E o caolho
rsponde: ”Este viajante é muito rude! No momento em que me viu, levantou um
dedo, insultando-me, indicando que tenho apenas um olho. Mas, como ele era
visitante, eu não quis responder a ofensa e ergui dois dedos, parabenizando-o
por ele ter dois olhos. O miserável levantou três dedos, para mostrar que nós
dois juntos tínhamos três olhos. Então fiquei furioso e ameacei dar-lhe um
soco, com o punho cerrado e ele foi embora.”
Os conflitos podem ser evitados, desde que mudemos
nosso hábito de agir por impulso e passemos a analisar melhor cada situação,
evitando possíveis mal entendidos.