terça-feira, 25 de agosto de 2015

O DEBATE ZEN



O DEBATE ZEN

Quem nunca se envolveu em alguma confusão por causa de um mal entendido?
Acontece com certa frequência e, no mais das vezes, termina em discussões ou desentendimentos, até mesmo entre pessoas amigas. Mas por que isso acontece?

Creio que em grande parte por nossa tendência de fazer um julgamento precipitado dos fatos; um pré julgamento, ou um pré conceito que fazemos das pessoas, baseados em nossos próprios defeitos ou limitações. A ideia é mais ou menos essa: Se não entendo meus problemas, como entender ou aceita-los em outras pessoas? E isso nada mais é do que uma deficiência em nosso autoconhecimento.

Novamente uma deficiência em nossa capacidade de conhecer a nós mesmos; qualidades e defeitos, capacidades e limites.

Quanta confusão poderia ser evitada se parássemos para analisar a situação, antes de tirar conclusões precipitadas; o que ele quis dizer com isso? Teve mesmo a intensão de provocar ou ofender? O que eu teria feito nessa situação? São atitudes simples, que poderiam mudar, no mais das vezes, o resultado de uma situação.

Uma historinha sobre dois monges zens, de autoria desconhecida, exemplifica bem a situação.

“Existia um mosteiro Zen, conduzido por dois irmãos. O mais velho era muito sábio, o mais novo, ao contrá­rio, era tolo e tinha apenas um olho. Para um forasteiro conseguir hospedagem por uma noite nesse convento, tinha que vencer um dos monges, num debate sobre o Zen-Budismo.
Uma noite, um forasteiro foi pedir asilo no convento e como o velho monge estava cansado, mandou o mais novo confrontar-se com ele, com a recomendação de que o debate fosse em silêncio. Desta forma, o monge tolo não cometeria enganos.
Algum tempo depois, o viajante entrou na sala do sábio e disse: “Que homem sábio é seu irmão! Conseguiu vencer-me no debate e, por isso, devo ir-me”.
O velho monge, intrigado, perguntou :”O que aconteceu?”
E escutou a resposta: ”Primeiramente, ergui um dedo, simbolizando Buda e seu irmão levantou dois, simboli­zando Buda e seus ensinamentos. Então, ergui três dedos, para representar Buda, seus ensinamentos e seus discípulos e meu inteligente interlocutor sacudiu o punho cerrado, à minha frente, para indicar que todos os três vem de uma única realização”.
Pouco depois, entra o monge tolo, muito aborrecido e é saudado pelo irmão, que lhe perguntou o motivo de sua chateação. E o caolho rsponde: ”Este viajante é muito rude! No momento em que me viu, levantou um dedo, in­sultando-me, indicando que tenho apenas um olho. Mas, como ele era visitante, eu não quis responder a ofensa e ergui dois dedos, parabenizando-o por ele ter dois olhos. O miserável levantou três dedos, para mostrar que nós dois juntos tínhamos três olhos. Então fiquei furioso e ameacei dar-lhe um soco, com o punho cerrado e ele foi embora.”



Os conflitos podem ser evitados, desde que mudemos nosso hábito de agir por impulso e passemos a analisar melhor cada situação, evitando possíveis mal entendidos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O MEDO




O MEDO

Todos nós, em algum momento da vida, já sentimos medo. Seja o irracional medo de uma barata ou o medo real quando nos encontramos sob alguma ameaça; de uma situação real ou mesmo imaginária. O fato é que o medo acaba fazendo parte de nossas vidas.

Porém o medo é aprendido. Não nascemos com medo. Se nascêssemos com medo, jamais deixaríamos o útero materno. (1)
São nossos pais, mestres e amigos que nos ensinam o medo. Por outro lado, se não mudarmos esse processo, também ensinaremos nossos filhos a ter medo.

E o medo acaba sendo a verdadeira origem de todos os conflitos, de todas as guerras. A ideia funciona mais ou menos assim: sinto-me ameaçado por ele, fico com medo dele; é melhor ataca-lo logo, antes que ele o faça.
Assim, o conflito e a guerra nascem do medo. Não há mistério algum a respeito disso tudo. É a coisa mais simples do mundo: nem esotérica, nem espiritual, apenas real.

A preocupação é um mau uso da imaginação, ocasionada pelo vício do medo, nem mais, nem menos do que isso.

O problema surge quando ficamos viciados no medo; nós o amamos, nós o afagamos e também o odiamos e lamentamos, mas não conseguimos nos livrar dele. Esse é o tipo de vício mais poderoso que existe, pois se reafirma a cada segundo de cada dia.

O problema talvez seja que não entendemos o medo, nós o sentimos, fugimos dele, mas não sabemos realmente o que ele é.

Há muito tempo, inventei, para uma pessoa que sofria de um medo incontrolável, uma história a respeito do medo, personificando-o como um monstro horrível, de aparência assustadora, que vive a nos perseguir e do qual vivemos a fugir apavorados.
Este monstro porém, apesar de horripilante e terrível, é lento e só consegue caminhar devagar; mas por outro lado, caminha incessantemente, dia e noite sem parar.

Podemos fugir dele, nos afastando para um lugar distante; mas se pararmos para desfrutar de um período de sossego, mais cedo ou mais tarde ele acaba por nos alcançar e volta a nos assombrar.
Aí fugimos de novo, tentando um lugar mais distante; demora um pouco mais, mas o ser que nunca para sempre acaba por nos alcançar e provocar terror. Parece uma sina que vai nos perseguir para sempre.

Esta criatura horrível, porém, tem um ponto fraco que a torna vulnerável e que pode facilmente aniquilá-la. Ela não resiste e sucumbe quando a encaramos de frente, olhando bem no fundo de seus olhos e fitando-os por alguns segundos. Ao fazermos isso, não podendo suportar tal situação, ela se evapora como que por encanto, nunca mais voltando a nos assombrar.

Assim é o medo: ele pode ser vencido, desde que tenhamos a coragem necessária para  enfrenta-lo. Cabe a cada um decidir a hora de fazer isso.



1-      Philip Doon

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

CONFLITOS INTERNOS



CONFLITOS INTERNOS


Talvez um dos maiores problemas que aflige as pessoas seja o sofrimento gerado por dúvidas e incertezas; uma espécie de conflito interno onde frustações e realizações parecem envoltos em uma luta sem fim, nos campos de batalha de nossa mente perturbada.

Possivelmente a maior de todas as fragilidades de que padece a humanidade é a debilidade de não conhecer ou aceitar suas próprias fraquezas, o que os impede de encontrar o “mago” que existe dentro de cada um.(1)

No mais sutil de todos os níveis, o Guerreiro da Paz aprende que a verdade nasce da atenção interior; de um nível de consciência elevado, que nasce dessa atenção.

Sem essa consciência, os opostos continuarão a lutar entre si, e o potencial para o conflito suplanta o potencial para uma coexistência pacífica. É daí que vem o sofrimento.

Devemos sempre nos lembra: Tudo tem seu par.
Não há prazer sem dor, não há amor sem ódio, não há força sem fraqueza, não há vitória sem fracasso. Porém, esses eventos são, na verdade, pares, não opostos. Um não existe sem o outro.
Costumamos pensar que podemos ter um sem o outro, porque gostamos de um e não do outro. Mas não, eles só vem aos pares.
Também costumamos pensar que gostaríamos de ser mais alegres e possuir mais certezas, em vez de estarmos tristes e cheios de dúvidas.
Na verdade, quando percebemos que algo forma um par com aquilo que víamos como seu oposto, deixamos que ambos passem.
Não é necessário estar em dúvida ou ter certeza, estar alegre ou triste.
Podemos apenas ser.



1-      Philp Doon