O MEDO
Todos nós, em
algum momento da vida, já sentimos medo. Seja o irracional medo de uma barata
ou o medo real quando nos encontramos sob alguma ameaça; de uma situação real
ou mesmo imaginária. O fato é que o medo acaba fazendo parte de nossas vidas.
Porém o medo
é aprendido. Não nascemos com medo. Se nascêssemos com medo, jamais deixaríamos
o útero materno. (1)
São nossos
pais, mestres e amigos que nos ensinam o medo. Por outro lado, se não mudarmos
esse processo, também ensinaremos nossos filhos a ter medo.
E o medo
acaba sendo a verdadeira origem de todos os conflitos, de todas as guerras. A
ideia funciona mais ou menos assim: sinto-me ameaçado por ele, fico com medo
dele; é melhor ataca-lo logo, antes que ele o faça.
Assim, o
conflito e a guerra nascem do medo. Não há mistério algum a respeito disso
tudo. É a coisa mais simples do mundo: nem esotérica, nem espiritual, apenas
real.
A preocupação
é um mau uso da imaginação, ocasionada pelo vício do medo, nem mais, nem menos
do que isso.
O problema
surge quando ficamos viciados no medo; nós o amamos, nós o afagamos e também o
odiamos e lamentamos, mas não conseguimos nos livrar dele. Esse é o tipo de
vício mais poderoso que existe, pois se reafirma a cada segundo de cada dia.
O problema
talvez seja que não entendemos o medo, nós o sentimos, fugimos dele, mas não
sabemos realmente o que ele é.
Há muito
tempo, inventei, para uma pessoa que sofria de um medo incontrolável, uma
história a respeito do medo, personificando-o como um monstro horrível, de
aparência assustadora, que vive a nos perseguir e do qual vivemos a fugir
apavorados.
Este monstro
porém, apesar de horripilante e terrível, é lento e só consegue caminhar
devagar; mas por outro lado, caminha incessantemente, dia e noite sem parar.
Podemos fugir
dele, nos afastando para um lugar distante; mas se pararmos para desfrutar de um
período de sossego, mais cedo ou mais tarde ele acaba por nos alcançar e volta
a nos assombrar.
Aí fugimos de
novo, tentando um lugar mais distante; demora um pouco mais, mas o ser que
nunca para sempre acaba por nos alcançar e provocar terror. Parece uma sina que
vai nos perseguir para sempre.
Esta criatura
horrível, porém, tem um ponto fraco que a torna vulnerável e que pode facilmente
aniquilá-la. Ela não resiste e sucumbe quando a encaramos de frente, olhando
bem no fundo de seus olhos e fitando-os por alguns segundos. Ao fazermos isso, não
podendo suportar tal situação, ela se evapora como que por encanto, nunca mais
voltando a nos assombrar.
Assim é o medo:
ele pode ser vencido, desde que tenhamos a coragem necessária para enfrenta-lo. Cabe a cada um decidir a hora de
fazer isso.
1-
Philip Doon
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