sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O MEDO




O MEDO

Todos nós, em algum momento da vida, já sentimos medo. Seja o irracional medo de uma barata ou o medo real quando nos encontramos sob alguma ameaça; de uma situação real ou mesmo imaginária. O fato é que o medo acaba fazendo parte de nossas vidas.

Porém o medo é aprendido. Não nascemos com medo. Se nascêssemos com medo, jamais deixaríamos o útero materno. (1)
São nossos pais, mestres e amigos que nos ensinam o medo. Por outro lado, se não mudarmos esse processo, também ensinaremos nossos filhos a ter medo.

E o medo acaba sendo a verdadeira origem de todos os conflitos, de todas as guerras. A ideia funciona mais ou menos assim: sinto-me ameaçado por ele, fico com medo dele; é melhor ataca-lo logo, antes que ele o faça.
Assim, o conflito e a guerra nascem do medo. Não há mistério algum a respeito disso tudo. É a coisa mais simples do mundo: nem esotérica, nem espiritual, apenas real.

A preocupação é um mau uso da imaginação, ocasionada pelo vício do medo, nem mais, nem menos do que isso.

O problema surge quando ficamos viciados no medo; nós o amamos, nós o afagamos e também o odiamos e lamentamos, mas não conseguimos nos livrar dele. Esse é o tipo de vício mais poderoso que existe, pois se reafirma a cada segundo de cada dia.

O problema talvez seja que não entendemos o medo, nós o sentimos, fugimos dele, mas não sabemos realmente o que ele é.

Há muito tempo, inventei, para uma pessoa que sofria de um medo incontrolável, uma história a respeito do medo, personificando-o como um monstro horrível, de aparência assustadora, que vive a nos perseguir e do qual vivemos a fugir apavorados.
Este monstro porém, apesar de horripilante e terrível, é lento e só consegue caminhar devagar; mas por outro lado, caminha incessantemente, dia e noite sem parar.

Podemos fugir dele, nos afastando para um lugar distante; mas se pararmos para desfrutar de um período de sossego, mais cedo ou mais tarde ele acaba por nos alcançar e volta a nos assombrar.
Aí fugimos de novo, tentando um lugar mais distante; demora um pouco mais, mas o ser que nunca para sempre acaba por nos alcançar e provocar terror. Parece uma sina que vai nos perseguir para sempre.

Esta criatura horrível, porém, tem um ponto fraco que a torna vulnerável e que pode facilmente aniquilá-la. Ela não resiste e sucumbe quando a encaramos de frente, olhando bem no fundo de seus olhos e fitando-os por alguns segundos. Ao fazermos isso, não podendo suportar tal situação, ela se evapora como que por encanto, nunca mais voltando a nos assombrar.

Assim é o medo: ele pode ser vencido, desde que tenhamos a coragem necessária para  enfrenta-lo. Cabe a cada um decidir a hora de fazer isso.



1-      Philip Doon

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