O AIKIDO ATUAL: ARTE
MARCIAL OU COREOGRAFIA?
As Artes
Marciais nasceram nos campos de batalha; da necessidade dos guerreiros de
desenvolverem e aperfeiçoarem métodos de combate ou de defesa, que aumentasse
suas chances de sobreviver aos conflitos.
Nos tempos de
paz, essas técnicas eram ensinadas em escolas especializadas onde as pessoas
buscavam esses ensinamentos, muitas vezes com o objetivo de assimilar seus
conceitos, melhorar a auto disciplina ou pura e simplesmente de aprender um
tipo de defesa pessoal.
Ô Sensei,
mesmo antes de criar o Aikido, sempre foi um guerreiro. Pelos motivos que todos
conhecem, fundou sua própria Arte Marcial que, apesar de menos agressiva e com
objetivos diferentes, ainda era uma Arte Marcial, um método de defesa pessoal.
Do mesmo modo,
nosso saudoso Kawai Sensei também era um guerreiro; em um vídeo que percorreu as
redes sociais, tempos atrás, ele iniciava falando: - “Aikido primeiro saúde,
depois defesa”. Ele, igualmente, acreditava que a prática do Aikido era
benéfica não só para o corpo, mas também para a mente; contudo considerava o
Aikido um método de defesa pessoal, uma Arte Marcial.
Com o tempo,
distorcendo o conceito do não uso da força e da não resistência, muitos
praticantes começaram a praticar o Aikido de uma forma muito branda, onde o
atacante (chamado Uke) não mais atacava com vigor, e quem aplicava a técnica (chamado
Nague) não o fazia com energia, acabando, o atacante, por cair sozinho, antes mesmo
da conclusão da técnica, tudo em nome de uma suposta e ilusória harmonia.
Uke e Nague passaram
a colaboravam um com o outro. Isto se perpetuou, virou um padrão e causou uma
degradação da técnica.
Com o passar
do tempo, isso deve ter causado o descrédito na eficiência desta Arte Marcial
como meio de defesa, pois muitas vezes
ouvi, em minha própria academia, alunos solicitando ao Sensei que desse algumas
aulas especiais, voltadas para defesa pessoal.
De repente, ninguém mais acreditava no Aikido
como método de defesa pessoal.
Com isso, cada
vez mais o Aikido foi deixando de ser uma Arte Marcial, para se tornar uma
simples coreografia; uma dança onde uma das partes finge que ataca, enquanto a
outra finge que aplica uma técnica.
Não defendo,
de forma alguma, que o Aikido deva ser violento ou, de qualquer maneira, usar a
força; defendo apenas que quem ataca, o faça de verdade e deixe o outro
concluir a aplicação de sua técnica, em forma de defesa, sem força nem
violência, mas de forma elegante, precisa e, conseqüentemente, eficiente.
Mas a grande maioria
dos praticantes prefere treinar desta forma.
Isso está
errado? Creio que não necessariamente; relembrando as palavras de Kawai Sensei:
-“Aikido primeiro saúde...”. Se praticar Akido desta nova forma está fazendo
bem a quem o pratica, ótimo, que continue assim e desfrute das benesses dessa
prática.
O que não pode
ocorrer é que se pretenda que isso vire o padrão de treinamento, com todos praticando
Aikido desta forma, deixando, definitivamente, de encarar o Aikido como Arte
Marcial, como vem ocorrendo. É preciso que não se perca a essência desta
conceituada Arte Marcial com práticas que divergem daquelas idealizadas por seu
fundador e que vem modificando seu estilo, em nome de uma suposta evolução e
aperfeiçoamento técnico.
“...Os mestres antigos ensinaram
seqüências e movimentos para que pudéssemos desenvolver uma boa técnica. E até
a técnica mais simples contém princípios profundos. Muitos praticantes se focam demais na técnica externa. Isso faz com que
eles duvidem da tradição dos mestres e criem novos truques. Entretanto, se se
depender demais de técnica, mais cedo ou mais tarde se chegará a um impasse,
porque a técnica física possui um limite...” (1)
Como sempre,
no meu conceito, o Aikido e a vida se confundem e seguem os mesmos princípios,
ficando difícil diferenciar um do outro.
Um paralelo,
aqui, pode ser traçado por um empregado que não desempenha bem as suas funções
no trabalho; mas como o salário que ele recebe é baixo, o patrão não cobra muito
dele e nem o manda embora. Em resumo: um finge que trabalha enquanto o outro finge
que paga um salário; nenhum dos dois ganha nada com tal situação e as
possibilidades de evolução tornam-se nulas.
Acho que isso
vale para tudo na vida; se for fazer alguma coisa, faça-a bem feita, com todo o
empenho que puder; só assim terá uma chance de obter sucesso naquilo que se propôs
a fazer.
1 - (trecho do conto: As
maravilhosas técnicas do gato velho).
Creio que sirva para tudo nesta vida; se for fazer alguma coisa faça-a bem feita. Caso não consiga o resultado esperado ou mude de idéia, ao longo do caminho, tenha a humildade de reconhecer. Nunca temendo a mudança. O importante é ser feliz meu amigo Fábio!!!!
ResponderExcluirAs mudanças são necessárias para evoluirmos, seja em que nível for. A falta dela só pode levar à estagnação.
ResponderExcluirDevemos praticar com eficiência e energia controlada preservando o companheiro de treino.
ResponderExcluirDômo arigatô gozaimashita