O SILÊNCIO
Há mais de
2.500 anos, um general chinês, chamado Sun Tzu, escreveu em seu livro “A Arte
da Guerra” uma frase que considero como uma verdade suprema: “se você se conhece e conhece o seu inimigo,
não precisa temer o resultado de cem batalhas...”.
Conhecer o
inimigo é relativamente fácil: pesquisa e observação acabarão por revelar
detalhes da personalidade, comportamento, modo de pensar e agir, etc., o que
tornará fácil a tarefa de enfrenta-lo e vencê-lo.
Conhecer a si
mesmo, já não é tarefa tão simples. Muitos vivem a ilusão de se conhecer, mas
poucos realmente atingem um grau mais profundo de autoconhecimento.
Não me refiro a pessoas normais que tem a
cabeça constantemente envolta em pensamentos, ora no passado, ora no futuro,
raramente no presente, mas ainda assim, pensando incessantemente. Refiro-me a chegar
ao âmago do nosso autoconhecimento, um estado de silêncio interno onde
conseguimos ser nós mesmos, não nossos pensamento.
O momento em
que, livre dos pensamentos, atingimos a plena consciência de nós mesmos.
Pensamento e
consciência não são sinônimos. O pensamento é um pequeno aspecto da
consciência. O pensamento não pode existir sem a consciência, mas a consciência
não necessita do pensamento; pelo contrário, é sufocada por ele.(1)
O silêncio é
o momento da mente vazia, da consciência,
sem pensamentos.
Mas como
encontrar o silêncio? Esta é a parte mais difícil, pois a mente está sempre
repleta de pensamentos que vem com muita rapidez. A mente não consegue ficar em
silêncio. (2)
É do interior
da mente que perguntamos: como conseguir o silêncio? Não haverá silêncio algum,
pois a mente estará pondo fim ao silêncio. A mente é um estado mental que, no
final das contas, é a causadora de muitos problemas. Isso não quer dizer que a
mente não tenha um propósito. Na verdade ela é feita de propósitos e pode ser
usada para uma infinidade de coisas. Ficar em silêncio, porém, não é uma delas.
A verdade é
que acabamos transformando-nos em mentes. Quando acordamos, não entramos na
realidade, pois a mente imediatamente assume o controle de tudo. O verdadeiro
despertar, não visa alcançar um certo estado da mente; visa alcançar um estado
de ausência da mente, um estado de auto consciência – o lugar do silêncio.
Mas qual é
este “lugar do silêncio”? Difícil de responder; mas às vezes, sem nos darmos
conta, vemo-nos numa situação cotidiana, sem fazer nada em especial e sem
nenhum pensamento na mente, muitas vezes apenas a contemplar uma bela paisagem.
A mente é
apenas a série de nossos pensamentos; não é substância; é mera procissão de
pensamentos; nenhum dos quais significa absolutamente nada até o agarrarmos e
fazermos algo com ele. Esteja atendo a esses momentos em que não há
pensamentos, isso é o silêncio.
Mas os
pensamentos movem-se com muita rapidez; como achar um intervalo entre eles? Não
sei, mas uma coisa é certa, os intervalos estão lá. Quanto mais consciente nos
tronamos desses momentos de não pensamento, mais familiares e mais fácil será
sustenta-los. Aquele intervalo realmente é você.
Mas se você achar
que atingiu o silêncio, isso é novamente um pensamento e, onde houver um
pensamento, você não poderá estar.
Então, quando
atingir este estado de silêncio, não analise, apenas sinta. Senão a mente
novamente assume o comando e voltamos a ser controlados por nossos pensamentos.
(1)
– Eckhart Tolle
(2)
– Philip Dun
Como é difícil silenciar a mente.
ResponderExcluirAbraço