quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O SILÊNCIO



O SILÊNCIO


Há mais de 2.500 anos, um general chinês, chamado Sun Tzu, escreveu em seu livro “A Arte da Guerra” uma frase que considero como uma verdade suprema: “se você se conhece e conhece o seu inimigo, não precisa temer o resultado de cem batalhas...”.

Conhecer o inimigo é relativamente fácil: pesquisa e observação acabarão por revelar detalhes da personalidade, comportamento, modo de pensar e agir, etc., o que tornará fácil a tarefa de enfrenta-lo e vencê-lo.

Conhecer a si mesmo, já não é tarefa tão simples. Muitos vivem a ilusão de se conhecer, mas poucos realmente atingem um grau mais profundo de autoconhecimento.
 Não me refiro a pessoas normais que tem a cabeça constantemente envolta em pensamentos, ora no passado, ora no futuro, raramente no presente, mas ainda assim, pensando incessantemente. Refiro-me a chegar ao âmago do nosso autoconhecimento, um estado de silêncio interno onde conseguimos ser nós mesmos, não nossos pensamento.

O momento em que, livre dos pensamentos, atingimos a plena consciência de nós mesmos.
Pensamento e consciência não são sinônimos. O pensamento é um pequeno aspecto da consciência. O pensamento não pode existir sem a consciência, mas a consciência não necessita do pensamento; pelo contrário, é sufocada por ele.(1)
O silêncio é o momento da mente vazia,  da consciência, sem pensamentos.

Mas como encontrar o silêncio? Esta é a parte mais difícil, pois a mente está sempre repleta de pensamentos que vem com muita rapidez. A mente não consegue ficar em silêncio. (2)
É do interior da mente que perguntamos: como conseguir o silêncio? Não haverá silêncio algum, pois a mente estará pondo fim ao silêncio. A mente é um estado mental que, no final das contas, é a causadora de muitos problemas. Isso não quer dizer que a mente não tenha um propósito. Na verdade ela é feita de propósitos e pode ser usada para uma infinidade de coisas. Ficar em silêncio, porém, não é uma delas.

A verdade é que acabamos transformando-nos em mentes. Quando acordamos, não entramos na realidade, pois a mente imediatamente assume o controle de tudo. O verdadeiro despertar, não visa alcançar um certo estado da mente; visa alcançar um estado de ausência da mente, um estado de auto consciência – o lugar do silêncio.

Mas qual é este “lugar do silêncio”? Difícil de responder; mas às vezes, sem nos darmos conta, vemo-nos numa situação cotidiana, sem fazer nada em especial e sem nenhum pensamento na mente, muitas vezes apenas a contemplar uma bela paisagem.

A mente é apenas a série de nossos pensamentos; não é substância; é mera procissão de pensamentos; nenhum dos quais significa absolutamente nada até o agarrarmos e fazermos algo com ele. Esteja atendo a esses momentos em que não há pensamentos, isso é o silêncio.

Mas os pensamentos movem-se com muita rapidez; como achar um intervalo entre eles? Não sei, mas uma coisa é certa, os intervalos estão lá. Quanto mais consciente nos tronamos desses momentos de não pensamento, mais familiares e mais fácil será sustenta-los. Aquele intervalo realmente é você.

Mas se você achar que atingiu o silêncio, isso é novamente um pensamento e, onde houver um pensamento, você não poderá estar.

Então, quando atingir este estado de silêncio, não analise, apenas sinta. Senão a mente novamente assume o comando e voltamos a ser controlados por nossos pensamentos.




(1)   – Eckhart Tolle

(2)   – Philip Dun

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