sábado, 28 de janeiro de 2017

A BUSCA PELA IMORTALIDADE



A IMORTALIDADE

A imortalidade, desde os tempos mais remotos, sempre foi uma coisa que seduziu a imaginação dos seres humanos; não só pelos grandes e poderosos, que sonhavam em se perpetuar no comando de seus impérios, mas também pelas pessoas comuns, que simplesmente temiam a morte.

De tudo foi tentado, para alcançá-la: de elixires milagrosos, na antiguidade, que muitas vezes acabavam por matar precocemente quem os tomava; até a busca, pelos alquimistas, da pedra filosofal, já na idade média. Como nada nunca funcionou, o homem se voltou ao seu lado místico.

Para os Gregos, com sua mitologia, a morte era apenas uma passagem de uma vida, vivida no mundo superior, para outra, vivida eternamente no mundo de Hades, o Deus do mundo subterrâneo.

Já para os Egípcios, após a morte neste mundo, os corpos dos ricos e poderosos eram mumificados, para que ficassem preservados e pudessem seguir para uma outra vida, acompanhados de suas riquezas e servos, que também eram mortos e sepultados juntos, para continuar a servi-los nesta nova vida.

Algumas religiões se referiam a esta vida como um estágio passageiro, prometendo a vida eterna depois da morte, caso fossem seguidos, rigidamente, os dogmas e doutrinas impostos por elas.

E os exemplos foram muitos, de seitas ou religiões que prometiam, de alguma forma, a possibilidade de uma vida eterna após a morte.

O problema era que, em todos os caminhos que levavam à vida eterna, havia a passagem obrigatória e desagradável pela experiência da morte; o que não agradava a ninguém.

Talvez por este motivo, Ponce de Leon, lá pelos idos de 1500, seguindo os passos de Hernán Cortés, que se empenhava na conquista do povo Asteca, tenha resolvido montar uma expedição e sair em busca de uma lenda, sobre a qual havia ouvido falar, através dos nativos: a Fonte da Juventude. Quem bebesse de suas águas, voltaria a ser jovem novamente, não necessitando mais morrer para alcançar a vida eterna; quando recomeçasse a envelhecer, bastava beber mais alguns goles, para voltar a ser jovem.

Ponce de Leon nunca mais voltou de sua expedição; talvez tenha encontrado sua tão sonhada fonte da juventude, mas, imprudente, pode ter bebido de sua água em demasia, rejuvenescendo até o estágio fetal, onde a vida não é possível fora do útero materno, vindo a morrer em função disso.
Brincadeiras a parte, a verdade é que ninguém nunca alcançou, de fato, a tão sonhada imortalidade; pelo menos não da forma como todos sonhavam, de viver para sempre.

Sempre achei ridículas essas infindáveis buscas por uma vida eterna; devemos aceitar, como inevitável, a finitude da vida; tudo o que é vivo, é também mortal.

Certo dia, porém, um fato ocorrido, me fez começar a pensar a respeito do que poderia vir a ser, na realidade, a tão sonhada imortalidade. Tudo por causa de um trecho da Ilíada, obra de Homero, que narra a lendária Guerra de Troia.

Em uma passagem da narrativa, Aquiles, o maior de todos os guerreiros gregos, filho de Tétis, uma ninfa do mar, após ser convocado por Agamenon para lutar contra Troia, foi se aconselhar com a mãe, sobre que decisão tomar.

Com a sabedoria e a serenidade de uma deidade, Tétis falou a Aquiles que se ele não fosse para a guerra, ele se casaria com uma linda mulher, teria filhos com ela e seria feliz; seu nome seria lembrado por seus filhos e netos, mas depois de poucas gerações, ele seria completamente esquecido; no entanto, se fosse para Troia, jamais retornaria, mas seu nome seria comentado e lembrado para sempre.

Passei um bom tempo pensando a respeito; talvez estivesse aí a verdadeira imortalidade; não no fato de se viver eternamente, o que sabemos ser impossível, mas no fato de ter seu nome imortalizado por algum feito extraordinário.

Comecei a lembrar das pessoas que tiveram seus nomes imortalizados: Albert Einstein, por sua revolucionária teoria da relatividade; Alexander Fleming, pela descoberta da penicilina, e tantos outros que se imortalizaram pelos feitos notáveis que realizaram em prol da humanidade.

Porém, não só feitos gloriosos e louváveis tornaram pessoas imortais; estão aí Hitler, Stalin, Pol Pot, etc., para provar o contrário.

Seguindo este raciocínio e me aproximando de nossa realidade, lembrei que em nossa arte marcial, o Aikido, também podemos dizer que temos pessoas imortais; Morihei Ueshiba, o fundador, sem dúvida nenhuma, ainda vive em cada uma das técnicas que criou, quando as aplicamos em nossos treinos.

Kawai Sensei, meu mestre, que trouxe o Aikido para o Brasil, também vive, sempre que um dos conceitos, por ele ensinado, é utilizado em nossas vidas; tornou-se um imortal e será para sempre lembrado, pelo magnífico trabalho que realizou.


Os pensamentos acabaram convergindo e chegando a mim, ou mais precisamente às pessoas comuns, como eu; passaremos indiferentes pela vida, ou deixaremos, de alguma forma, nossa marca? Acho que esta resposta, apenas pelo modo como vivemos a vida, o futuro dirá.

2 comentários:

  1. Que tal pensarmos em algumas marcas e características positivas para contribuirmos na vida do próximo e assim possamos ser lembrados no futuro. É uma idéia! Abraço

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  2. Excelente ideia!
    Mas é preciso cuidado com esse conceito; fazer alguma coisa pelo próximo só para ser lembrado no futuro, pode ser interpretado como hipocrisia. A maioria do bem que fazemos aos outros é anônimo.
    Eu, por exemplo, acredito que contribuí bastante com a vida de milhões de pessoas, nos últimos 31 anos; embora tenha recebido para isso.
    Mas, para ter valor a ajuda tem que ser sempre voluntária?
    É assunto para uma boa discussão.

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