FAIXA ERRADA
O FUNCIONÁRIO PÚBLICO E A PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE
O serviço
público, seja em que esfera for, concentra o maior número de pessoas
incompetentes, despreparadas, vagabundas e quantos adjetivos pejorativos a mais
se queira acrescentar.
Falo com bastante
propriedade, pois sou um deles e sei das dificuldades que enfrentei cada vez
que precisei reunir um pequeno número de funcionários para montar uma boa
equipe de trabalho.
Estes maus
funcionários deveriam permanecer estagnados na carreira, com baixos salários a
que fazem jus. Porém, aí entra a perversidade maior do serviço público: a
promoção por antiguidade, que permite a esta escória progredir na carreira
apenas pelo tempo em que são funcionários.
Todos (pelo
menos aqueles que ainda continuam lendo o artigo) devem estar se perguntando o
que tudo isso tem a ver com o Aikido.
Infelizmente,
tem bastante. Tenho visto, ao longo dos anos, que alguns alunos, embora muito
antigos e frequentadores assíduos, por mais que treinem, não conseguem
desenvolver uma boa técnica, ficando estagnados.
Mesmo assim, muitos
Senseis, para que eles não desanimem e parem de treinar ou para “dar um
incentivo a eles”, acabam indicado-os para prestar exame e mudar de faixa.
E, como se
sabe, hoje em dia, ninguém mais é reprovado.
Se no serviço
público este fato apenas onera os cofres públicos, no Aikido penso que a
situação é bem mais grave e pode levar a situações perigosas.
Explicando: eu
procuro adequar a intensidade da aplicação de cada técnica de acordo com a
faixa que o Uke tem amarrada na barriga; com um faixa amarela, jamais aplicaria
uma técnica como faço com um marrom ou preta, por exemplo.
Porém, com
essas “promoções por antiguidade”, as vezes pode ocorrer de eu aplicar uma
técnica em alguém, de uma forma que ele não está preparado para receber e
acabar provocando algum dano.
Aconteceu
comigo, há algum tempo, com uma pessoa que eu gostava muito e que portava na
barriga uma faixa verde; durante a aplicação de uma técnica (que eu apliquei de
forma compatível com um verde), ele não soube cair e acabou tendo um problema
sério no diafragma por causa da queda. Dias depois meu Sensei repetiu a técnica
com vários alunos, sem que ninguém saísse machucado.
Em resumo:
Aquela pessoa não deveria, em hipótese alguma, portar uma faixa verde, pois não
estava prepara para isso.
Não quero, de
forma alguma, criticar os Senseis, pois sei que cada um tem seus critérios de
avaliação para indicar os alunos para prestar exame, mas apenas alertar os
outros praticantes para o fato de que nem sempre se poder confiar na relação
que deveria existir entre a graduação de um praticante e aquilo que ele
realmente sabe tecnicamente.