sexta-feira, 12 de junho de 2015

GIRI



GIRI

Creio que não existe uma tradução exata para esta palavra japonesa. Mesmo o conceito de GIRI é de difícil compreensão para a cultura ocidental. Certa vez, uma Sensei da qual fui aluno e por quem sempre tive uma grande admiração, traduziu GIRI como “a obrigação de sentir gratidão”; por muito tempo pensei a respeito da resposta, mas era impossível compreender como alguém poderia sentir gratidão apenas por obrigação.
Na época, antes de cada aula, varríamos e passávamos um pano úmido no tatame; uma forma de contribuir com a aula que se seguiria, com a própria academia onde iríamos treinar e onde estávamos aprendendo uma Arte Marcial.
De tempos em tempos, ajudávamos em pequenos reparos que eram necessários no Dojo, para que, com isso, tivéssemos um lugar melhor para treinar.
Fazíamos isso voluntariamente e creio que até sentíamos um certo orgulho de estar colaborando com a academia, onde vários Senseis nos ensinavam, pacientemente, os conceitos e técnicas do Aikido. Aos poucos, fui percebendo que fazíamos isso, as vezes um trabalho árduo, pela gratidão que sentíamos pelos nossos Senseis e pelo Dojo, por estarem nos transmitindo ensinamentos tão valiosos.
Pensando desta forma, me veio à mente um conceito que, apesar de não ser uma tradução exata do termo GIRI, representava o que eu sentia a respeito dele: GIRI representaria “as obrigações advindas da gratidão”. Assim, por sermos gratos a nossos Senseis, sentíamo-nos na obrigação de retribuí-los de alguma forma.
Isto em mim permanece até hoje; não só pelo Kawai Sensei, mas por todos os Senseis com quem treinei.
Porém, infelizmente o conceito de GIRI está caindo no esquecimento; o assunto não é mais comentado em aula e não percebo nos colegas este sentimento de gratidão.

Hoje, é triste constatar que a maioria  dos antigos conceitos estão se perdendo; creio que a maioria dos alunos atuais sequer ouviu falar em GIRI e tampouco desenvolveu, por seu Sensei, ou por seu Dojo, qualquer sentimento de gratidão. 

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