A PERVERSÃO DA IGREJA CATÓLICA
Não é minha
intenção, aqui, criticar ou questionar a crença, os dogmas ou doutrinas do
Cristianismo; as mensagens e os ensinamentos de Jesus Cristo sempre foram
sagrados e nortearam a vida de milhões de pessoas, dando-lhes amparo, conforto
e, muitas vezes, um sentido na vida.
Minha questão
é com a entidade que se apoderou desta religião, usando-a como o mais perfeito
modo de dominação; tornando-se uma das mais perniciosas instituições;
dominadora, cruel, rica e poderosa: a Igreja Católica.
Mas vamos ao
começo: quando Jesus nasceu, toda a Judeia (atual Palestina) padecia sob a
ocupação do Império Romano havia pouco mais de 63 anos.
Era comum na
época, pessoas descontentes com essa ocupação juntarem alguns seguidores para
protestar contra a dominação romana. E foi assim também com Jesus. Suas mensagens espalharam-se rapidamente por
toda a Palestina e seus seguidores passaram a ser implacavelmente perseguidos.
Após sua
crucificação, a perseguição aos seguidores, já chamados de cristãos, se
intensificou bastante; não só pelos romanos, mas agora pelos próprios judeus,
que não aceitava a ideia de Jesus como o novo Messias e acusavam seus
seguidores de heresia e traição às leis de Moisés.
O
cristianismo começou a ser deturpado por Paulo (mais tarde São Paulo), antigo
perseguidor de cristãos, que acabou se convertendo à nova religião no ano 70 d.C. (37 anos após a crucificação). Segundo consta,
após a conversão, ele teria escrito os evangelhos atribuídos a Mateus e Marcos e depois, o atribuído a João e dado
início, também, à doutrina da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).
Como se vê, grande parte da doutrina do
Cristianismo foi mais uma interpretação dada por Paulo, muitos anos após a
ocorrência dos fatos, do que realmente a palavra de Jesus, transmitidas pelas
escrituras de seus apóstolos.
Naquela época, diversas interpretações da
doutrina cristã e outras religiões pagãs se faziam presentes no Império Romano;
os romanos, no entanto, não
aceitavam a ideia da existência de um só Deus; por isso os cristãos continuaram
a ser perseguidos em Roma.
A perseguição aos cristãos encerrou-se a partir
de 313 com o Édito
de Milão, assinado pelo imperador Constantino, que se
converteu à nova religião.
Até aqui tudo bem, o Cristianismo era mais uma
religião que arregimentava cada vez mais seguidores e espalhava sua fé.
Foi através do Concílio de Niceia, em 325, que
se assentaram as bases religiosas e ideológicas da Igreja Católica Apostólica
Romana.
Após as invasões dos povos germânicos (bárbaros)
e com a crescente crise e decadência do Império Romano, a Igreja Católica aliou-se
aos bárbaros, cristianizando-os, e assim, dominou e conquistou os vastos
territórios ocidentais do Império Romano.
Numa época em que a riqueza era medida pela quantidade de terras,
a Igreja chegou a ser proprietária de quase dois terços das terras da Europa
ocidental.
Ajudou muito
a prática da “venda de indulgências”, através da qual todo e qualquer pecado
poderia ser perdoado por Deus; bastava, para isso, uma generosa doação do
pecador à igreja, normalmente efetuado em ouro ou em terras; isto tornou a
Igreja Católica uma das instituições mais ricas do mundo. Outra prática comum
era acusar alguém de heresia, apenas para confiscar suas terras.
Através da centralização de seus princípios e
da formulação de uma estrutura hierárquica, a Igreja teve condições suficientes
para alargar o seu campo de influências durante a Idade Média, tendo papel preponderante na formação do feudalismo; além de
grande proprietária de terras, estruturou a visão de mundo do homem medieval,
tornando-se a instituição mais poderosa da época.
Difundiu a ideia do temor a Deus,
do pecado, da culpa, das agruras do inferno, onde os pecadores queimariam por
toda a eternidade; novamente o medo era a forma da Igreja Católica manter seu
poder. Quase tudo era considerado pecado.
A fim de
manter esse poder, a Igreja Católica necessitava manter-se sempre bem informada
a respeito dos acontecimentos locais, visando precaver-se contra surpresas ou
infortúnios; pensando nisso, no ano de 1215, durante o IV
Concílio de Latrão, foi instituída a confissão obrigatória dos pecados; confessando seus
pecados a um sacerdote, esses poderiam ser perdoados por Deus, mediante o
cumprimento de certas penitências.
Se hoje os
segredos das confissões são invioláveis, na idade media tornou-se a mais
perfeita fonte de informações que se poderia ter.
A partir daí, a Igreja Católica
começou a impor sua ideologia de forma cruel e truculenta; bastava discordar de
seus dogmas, para ser considerado herege.
As pessoas acusadas de heresias eram interrogadas
por membros do clero, podendo ser torturadas e queimadas em fogueiras. A Santa
Inquisição foi estabelecida para a efetivação do poder político da Igreja
Católica; as pessoas que questionassem a fé católica eram consideradas hereges.
Com essas justificativas os não católicos eram julgados pelo Tribunal do
Santo Ofício,
que torturaram e mataram um grande número de pessoas; os que não
morriam pelas torturas, acabavam na fogueira.
A Igreja Católica não só matava, mas o fazia de forma
cruel, causando o maior sofrimento possível.
No universo medieval a Igreja
Católica também monopolizava o conhecimento e a ciência, dominando o campo do saber, das ciências e dos estudos
filosóficos; tudo só era aceito, conforme as escrituras bíblicas.
Giordano Bruno, teólogo, filósofo, escritor e matemático,
foi condenado por discordar dos conceitos científicos ditados pelo clero; foi
queimado na fogueira no ano de 1600.
Em 1633,
o astrônomo Galileu Galilei, considerado por muitos o criador do método
científico, recebia sua sentença frente a um tribunal da Inquisição, por
defender a ideia do heliocentrismo, modelo desenvolvido por Nicolau Copérnico,
pouco mais de um século antes. Para não morrer na fogueira, Galileu teve que
renegar, publicamente, suas ideias, sendo, mesmo assim, condenado à prisão
domiciliar, além de ter sua obra “Diálogo”, incluída
no Índice de Livros Proibidos do Vaticano.
Na idade média a igreja determinava o que poderia ou não ser
lido; todo o conhecimento que destoava da interpretação bíblica, era
considerado como herege e queimado; uma forma de bloquear o
conhecimento da população.
Tudo o que se sabe hoje a respeito da cultura clássica dos
povos antigos, devemos, quem diria, aos perseguidos muçulmanos, que a
preservaram e a transmitiram em suas universidades no oriente médio.
A Igreja Católica começou também a considerar que
o catolicismo era a única religião que poderia existir, iniciando a ideia da
necessidade da conversão de povos de outras crenças ao catolicismo; isso deu
origem aos maiores derramamentos de sangue da história, tudo em nome da fé.
A partir de 1095, após convocação do papa Urbano II, a
Igreja Católica iniciou um movimento militar chamado de “Cruzadas” para conquistar Jerusalém, o Santo Sepulcro e
qualquer outro local na Palestina considerado sagrado, que estava sob o
controle muçulmano.
Para justificar as Cruzadas, foi desenvolvido o conceito
de Guerra Justa, que
afirmava que a guerra era aceitável se fosse realizada contra os pagãos – nesse
caso, os muçulmanos. Milhares de inocentes, mulheres e crianças, foram mortos
em função disso.
Ao todo foram realizadas oito cruzadas ao longo de mais
de cem anos.
Outra grande crise ocorreu devido ao
aparecimento da peste; a peste
bubônica, ou peste negra, foi um dos maiores flagelos da idade média; só na
Europa, 1/3 da população foi dizimada. Uma grande parcela de culpa, pelo
elevado número de mortos, pode ser atribuído à Igreja Católica. Na época, a
figura de curandeiros, xamãs ou mulheres atraentes eram associadas, pelo clero,
a demônios e bruxas, que enfeitiçavam os homens; havia também a crença de que
os gatos eram parceiros das bruxas, a própria personificação do demônio; em
função disso, foram também caçados sem piedade; isso fez com que a população de
ratos aumentasse consideravelmente, estimulando a disseminação da peste, que
era transmitida pelas pulgas dos roedores.
Voltando ao campo das ciências, para a igreja,
a Terra era considerada plana, por uma aparente
contradição com interpretações literais de algumas passagens bíblicas; por esse
motivo, alardeavam que quem se aventurasse a navegar por mares desconhecidos,
estava fadado a despencar pela borda da Terra, tendo um fim horrível. Terríveis
monstros marinhos, também eram descritos pela igreja.
Isto fez com que as grandes navegações e
descobertas sofressem um grande atraso, prejudicando enormemente a descoberta
de novas terras, o comércio e, consequentemente, o desenvolvimento econômico. No ano de 1021
(471 anos antes de Cristovão Colombo), o viking Leif Eriksson liderou uma expedição com 35 homens, chegando à região
da Terra Nova, atual Canadá; entre 1405 e 1433 (87 anos ante de Colombo), o
chinês Zheng He, com a maior frota do mundo na época, navegou sete vezes para o
Sudeste Asiático e Oceano Índico, podendo ter chegado às Américas.
Finalmente, com o início das
grandes navegações, no final do século XV, a ideia da Igreja Católica da
conversão, ou evangelização dos povos pagãos (afinal, só o Catolicismo era a
verdadeira religião) ganhou força; em todos os territórios conquistados, a nova
religião era imposta à força; várias culturas ao redor do mundo tiveram suas crenças, costumes e modos de vida
destruídos, todo em nome da propagação da fé da Igreja Católica.
E as mazelas da Igreja Católica não param de
vir à tona: escândalos financeiros; escabrosos casos de pedofilia, que durante
muito tempo foram vergonhosamente omitidos.
No auge da epidemia da AIDS, a Igreja Católica
se manifestou veemente contra o uso de preservativos, a forma mais eficaz de
prevenir a doença; o Vaticano manifestou, recentemente, ser contrario a união
homossexual; enfim, são muitas as ideias tacanhas e retrógradas desta
instituição que se valeu de uma fé, para exercer seu poder perverso e controlador.
O mais inacreditável é como os ensinamentos de
Jesus, de paz, de amor, serenidade, igualdade e harmonia entre os homens, se
transformaram no que foi e no que é hoje a Igreja Católica; e como ela continua
arregimentando tantos seguidores pelo mundo.