A HARMONIA DA
NATUREZA
Falamos muito
em harmonia da natureza e logo a imaginamos como uma coisa linda e perfeita;
mas esse é um conceito que costuma ser
um pouco distorcido em sua interpretação; um trecho de um texto de Mitsug
Saotome pode ser bem esclarecedor:
“Quando
falamos em harmonia da natureza, nossos olhos se ameigam e vemos, em
imaginação, um céu azul coalhado de nuvens refletindo no espelho calmo de um
lago.
O canto dos
pássaros ecoa, vindo dos ramos floridos. Uma brisa suave e tépida roça pela nossa face e faz ondular a
relva, enquanto sorrimos para o leão que dorme ao lado do cordeiro.
Essas imagens
são excessivamente açucaradas, decadentes. O leão morreria de fome. Os
carneiros superpovoariam a área e destruiriam toda a relva que serve para reter
o solo. A rica camada superficial deste seria lavada, o lago secaria e os
carneiros também sucumbiriam de inanição. As árvores definhariam e o vento
lançaria seus sussurros sobre um deserto árido e sem vida.”
A harmonia da
natureza não se traduz por um estado onírico, onde todos os elementos vivem em
um sistema de paz constante e reconfortante.
Pelo
contrário; a impiedosa espada da natureza, com seu gume afiadíssimo, cuida de
manter um equilíbrio entre seus elementos; se a taxa de reprodução fosse
descontrolada, o número de espécies logo seria maior do que o espaço e o
alimento disponível. Por isso, o controle desta relação é crucial. Isso é feito por uma verdade absoluta: a luta
de vida e morte pela existência.
A luta pela preservação das características para o sucesso
das espécies e do sistema, age com a destruição dos fracos, imperfeitos e
inadaptáveis e assim seleciona e aprimora, natural e cuidadosamente, o
equilíbrio necessário para que a natureza mantenha a harmonia.
A
hereditariedade é o mensageiro e a própria vida é seu executor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário