sexta-feira, 29 de maio de 2015

CRIAÇÃO DO JO



A CRIAÇÃO DO JO

As técnicas do Aikido  evoluíram a partir de técnicas de lutas com espadas; por este motivo, até hoje, treinam-se alguma técnicas usando uma espada de madeira chamada Boken.
Além do Boken, o Tanto e o Jo, também são armas utilizadas em alguns treinos; o primeiro uma faca, o segundo um bastão, ambos de madeira, que além de auxiliarem no aprendizado do Aikido, constituem- se excelentes métodos de defesa adicionais. (De posse de um Jo, um praticante bem treinado pode facilmente vencer 4 ou 5 oponentes).

Pratiquei durante anos com meu falecido Mestre, Kawai Sensei, basicamente técnicas com o Jo. Ele é bastante ágil, pois pode golpear com as duas extremidades, além de ser, segundo dizem, a única arma capaz de vencer a espada, podendo até quebra-la. Além do mais, na hora do aperto, dificilmente se tem uma espada em mãos (ainda que de madeira), ao passo que, qualquer cabo de vassoura, vara de pesca, etc., se transformam num excelente Jo. Assim o Jo, sempre foi minha arma preferida e treino regularmente, a fim de aprimorar minha técnica.

O bastão de madeira sempre foi uma importante arma, nos mais diversos tipos de artes marciais;  a criação do Jo envolve uma lenda do Japão medieval, que cita o duelo entre dois Samurais jovens e arrogantes.

“Era comum nos idos de 1600, os Samurais peregrinarem pelo Japão, em busca de aperfeiçoamento. O duelo realmente aconteceu, mas os detalhes do mesmo perderam-se no tempo, restando apenas algumas lendas narrando o ocorrido.  Um dos envolvidos era Muso Gonnosuke Katsuyoshi, especialista em Bojutso, ou luta com o Bo, que era um bastão longo. 
Gonnosuke deve ter sido extraordinariamente hábil com o bo, porque ele nunca foi derrotado em seus duelos. Do outro lado, estava  Myamoto Musashi, também com 20 e poucos anos, um dos maiores espadachim do Japão e também se gabava de nunca ter perdido um duelo.
Conta a lenda que o primeiro encontro entre Muso Gonnosuke e Musashi ocorreu quando Musashi encontrava-se perto de Kofu, nas vizinhanças de Edo (atual Tóquio). Musashi estava sentado num jardim trabalhando num arco que ele estava fazendo com madeira. Sem nenhum aviso, Gonnosuke se aproximou e, dispensando qualquer introdução ou mesmo uma saudação, anunciou um desafio a Musashi e imediatamente lançou um ataque potencialmente fatal com o seu Bo. Quase sem se levantar, Musashi evitou o ataque e contra-atacou, atingindo, com maestria, Gonnosuke com o pedaço de madeira que tinha em mãos, porém poupando-lhe a vida.
Essa derrota infame de Gonnosuke deve ter sido devastadora. Ele não estava ferido, a não ser em seu orgulho, mas a convicção em sua habilidade com o Bo tinha certamente sido abalada.
Decepcionado, Gonnosuke isola-se em uma montanha, cercada por florestas espessas, fontes de água e despenhadeiros profundos. Ele passa os dias em meditação e em práticas extenuantes com o Bo, ao mesmo tempo em que realiza rituais religioso austeros. No 37° dia de isolamento recebeu a resposta na forma de um sonho.  Neste sonho uma criança dizia a ele  “segure um bastão arredondado, com medida de 4 shaku, dois sun e um bu (aproximadamente 1,28 m)”. Gonnosuke atribuiu ao seu sonho uma manifestação divina, o que não era incomum nas artes marciais do Japão antigo. Como resultado do sonho, Gonnosuke criou o Jo, um bastão de madeira de 1,28m capaz de vencer a espada.
Após um período de treino, Gonnosuke volta a desafiar Musashi para um novo duelo; não é possível saber exatamente com que técnica Gonnosuke derrotou Musashi, mas o fato é que Musashi foi totalmente e convincentemente derrotado, pela única vez em sua vida.”

Algumas versões da lenda conta que os dois acabaram ficando amigos, após o segundo duelo.

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